Rendo-me à incerteza do verbo desnudo,
dos teus gestos vagos, das noites vilãs.
Toda a força pura do amor extremado
agora é vontade sem rumo, é cansaço,
são porões de anseios mofados, antigos.
Deito ao som da rima perdida, ao relento,
amor desamor, desencontro e procura,
como dócil potro na relva do sonho.
Entrego-me à amarga emoção terminal;
tudo foge: os olhos, os risos, as mãos...
não lembro da boca, do rosto, de nada!
Perdi-me no tempo, desgaste das horas.
Sei lá dos teus beijos! Teu corpo é visão
lançada na areia que o mar erodiu.
sei lá dos encantos do mágico gozo,
depois de passados os anos da angústia,
marcando a memória ao ferrete das nuvens.
Entrego-me à incerteza ou me rendo à verdade?
(Autor Desconhecido)
(Autor Desconhecido)